JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Conhecimento que não se mede - " Sinagoga dos Judeus Baixinhos" Denise Wasserman

Conhecimento que não se mede - " Sinagoga dos Judeus Baixinhos" Denise Wasserman

Sábado de sol, em pleno verão carioca, recebo um telefonema:

-Que tal vir aqui em casa, à tarde, para estudar Lévinas?

Estava na praia, sentada em baixo de uma barraca, olhando para o mar...

-Estudar filosofia em plena tarde de sábado?

-Traz empadinhas do Salete (restaurante).

Não é todo dia que se é convidada para um programa como este e, no mínimo, pensei, iria tirar uma onda de “intelectual chic”.

Saí da praia, passei no Salete (o das empadinhas), e após algumas horas peguei o meu livro “Quatro Leituras Talmúdicas”, que comprei empolgada, mais pela paixão deste meu amigo por este filósofo francês do que por vontade própria. Fiz algumas poucas tentativas de leitura, mas acabei deixando o livro descansando na bancada do computador.

Fui para a Sinagoga dos Judeus Baixinhos.

“Que Sinagoga é essa?”

Imaginem um sobrado charmoso em Botafogo. No meio do corredor, subindo para o segundo andar, se encontra uma portinha. Você tira os sapatos como se fosse entrar num tatame, mas na verdade você está entrando na Sinagoga dos Judeus Baixinhos.

Complicou de novo?

A sala em questão é uma espécie de sotão e a altura é de 1m e 80 (acho que até menos, pois tenho 1m e 64 e já estava quase batendo com a cabeça).

Mas como a ideia era sentar em uma das cadeiras, sofá ou mesmo no chão, a altura era um mero detalhe. Em volta, livros e mais livros, e um ambiente propício para altas reflexões.

Nosso anfitrião, empolgado com a presença dos amigos começou a leitura e a partir daí, fizemos uma longa viagem que durou cerca de duas horas.

Ah! Também tinha um gatinho que entrava e saía, pulava e sentava para ser acarinhado. Absorvida pela leitura, fui desperta por umas “mordidinhas” no dedão do pé. Era o gatinho que também queria atenção.

Ler Emmanuel Lévinas requer concentração, algo difícil para mim, mas ler com detalhes e reflexões de outras pessoas é diferente, principalmente porque o grupo presente era bastante eclético. Um psicanalista, um ator, uma bióloga, um arquiteto, uma cantora, um....(acho que um me escapou) e eu, jornalista.

No capítulo escolhido do livro, a “Tentação da tentação”, que segundo o autor, talvez descreva a condição do homem ocidental, ávido para experimentar de tudo, “apressado por viver, impaciente por sentir”...A tentação da tentação é a filosofia que se opõe à sabedoria que sabe tudo sem experimentá-lo.

Interessante isso, não?

Dentro ou fora do contexto de nossa leitura percebi que somos sempre tentados aos novos desafios, que ao experimentá-los podemos decidir se queremos ou não nos envolver em situações que nem sempre nos são apresentadas como nossas escolhas e sim, a dos outros.

Se você compartilha do desejo do outro, e este desejo passa a ser seu também, creio que encontramos um ponto em comum ao qual podemos chamar de afinidade.

Posso não ser uma grande conhecedora de filosofia, nem tão pouco uma intelectual, mas gosto de adquirir conhecimentos, vivências e depois de um certo tempo transformá-las em experiências (nem todas confessáveis).

No retorno para minha casa pensei o quanto agradável tinha sido aquele final de tarde e como sete pessoas que pouco se conheciam poderiam trocar confidências através de um texto filosófico.

Foi apenas um primeiro encontro, mas outros certamente estarão por vir...na Sinagoga dos Judeus Baixinhos

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Matéria interessante e bem escrita. Parabéns!

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