JUDAISMO HUMANISTA

O Judaismo Humanista é a pratica da liberdade e dignidade humana

Amigos, como combinamos ontem que eu puxaria o bloco, começo a compartilhar as impressões do encontro de ontem.A Lilian, a Marie e o Pedro concordaram em complementar, mas todos os demais estão também convidados a colocar suas impressões. Não é uma ata que se pretenda completa ou correta. Será uma soma de impressões pessoais.

Meu ponto de vista ("todo ponto de vista é a vista, de um ponto" - Leonardo Boff) tem o viés a seguir: talvez por não ter estado em nenhum encontro anterior, fiquei muito contente, especialmente em encontrar as pessoas e ver que puderam dar a conhecer um pouco de suas histórias e de suas expectativas, bastante plurais. Detalho:

  • houve visões bastante díspares do que cada um entende por Judaísmo Humanista: um judaísmo engajado nas causas da paz e justiça, um judaísmo questionador, um judaísmo liberal (no sentido de "liberal" nos Estados Unidos, que é mais ou menos centro esquerda), uma vertente religiosa com a espiritualidade centrada na ética e alternativa aos dogmas da Halachá, um judaísmo centrado na cultura judaica e não na religião etc.
  • um ponto que me chamou muito a atenção foi a manifestação da Rachel Mizrahi sobre a falta de um ambiente acolhedor para os conversos, os Bnei Anussim, e o seu agrado em ver como serão bem vindos.
  • o Geraldo Coen mostrou seu interesse por um espaço de judaísmo filosófico, e lamentou o fim da revista 18, do Centro da Cultura Judaica.  Falamos um pouco da qualidade da imprensa judaica no Brasil, e das saudades da antiga revista Shalom.
  • a Dina Lida Kinoshita - secretária de relações internacionais do PPS - fez um relato sobre o Congresso Sionista Mundial, em que participou recentemente como observadora, onde constatou que a direita nacionalista estava em minoria, mas mesmo assim conseguiu procrastinar uma decisão vital sobre os assentamentos. O Celso Garbarz esclareceu que as decisões de fato são tomadas em petit comités, e que neles continua sendo favorecida a alocação de investimento nos assentamentos por parte de judeus norte-americanos de US$ 700M/ano, e que as posições anti-assentamentos são de fato mais fracas nas instâncias que realmente decidem.
  • a Lilian, mestranda em filosofia, que está em processo de conversão, mostrou-se agradavelmente surpresa em saber que existe um judaísmo de esquerda.
  • a Dina argumentou que a dicotomia esquerda-direita hoje é prejudicial ao desenvolvimento de um judaísmo mais comprometido com a paz e a justiça e os direitos humanos.
  • discutimos o movimento que o Jayme tem divulgado aqui, de questionamento da Halachá, e eu convidei o pessoal a discutir aqui artigo do ministro da Suprema Corte israelense, que aponta contradições fortes entre diversos ensinamentos da Halachá e uma sociedade democrática e solidária, mostrando a amplitude de interpretação que dá margem a orientações de vários rabinos que vão no sentido contrário ao que costumamos entender por valores judaicos.
  • algumas pessoas mostraram frustração por não haver nenhuma conclusão etc.
  • Mas eu acho que houve sim. Decidimos dar força ao Kabbalat Shabat de 18/2, que o Pedro Seincman colocará nos Eventos aqui do ning, com mais detalhes.

Bem, há mais coisas, mas falarei em outros posts.

Um abraço a todos

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Respostas a este tópico

Ah, faltou dizer quem estava presente, em ordem conforme a posição na roda.

Se faltar a menção a alguém, por favor adicionem:

  1. Rachel Mizrahi,
  2. Marie Felice,
  3. Dina Lida Kinoshita,
  4. Alberto Kleinass,
  5. Marcelo Vodovoz,
  6. Gabriel (não lembro o sobrenome. É de Campinas),
  7. Pedro Seincman,
  8. Geraldo Coen,
  9. Lilian Neves Mise,
  10. Celso Garbarz,
  11. Sérgio Storch

Kol Hakavot a voces do Nucleo de SP,

 Acho que foi dado um importante passo, neste rico e importante processo da criacao da nossa propia comunidade do Judaismo Humanista em SP.

E o Mais importante em ver que essa reuniao vai ter continuidade, com a realizacao do Kabalat Shabat Mensal.

Ja Marcado para o dia 18 de fevereiro!

Um Forte Abraco

 

Jayme

 

Pedro, fiquei maravilhado com essas tuas definições sobre a proposta do JH. Confesso que eu tinha uma visão mais estrita/estreita. Fico maravilhado em ver como os jovens de hoje têm a cabecinha tão melhor do que tínhamos nós nessa idade.

Eu gostaria de acrescentar uma coisa, quanto às minhas expectativas, sob o ângulo da nossa representatividade e pluralidade: eu quero ver no JH a transgeracionalidade, com jovens dos 18 (chai) aos 100 anos. As gerações têm muito que  aprender umas com as outras, e as afinidades hoje se desenvolvem independentemente de idade. Um jovem de 90 anos pode impactar mais a um de 18 do que um colega de classe da mesma idade. E vice versa. Temos que trazer vida uns aos outros, vida da qual muitas vezes carecemos por nos limitarmos ao círculo dos amigos da nossa geração.

 

Um abraço

PS.:

1. Tão faltando aqui os depoimentos da Marie (que fez por email, mas pedirei que coloque aqui), e da Lilian, além de todos os outros que queiram fazê-lo.

2. Jayme, sugiro você fazer um comunicado geral assim:

.....  "para curtir melhor esta rede, é agora importante que todos se filiem aos núcleos estaduais, onde estarão as informações das atividades presenciais. Os que não se filiarem poderão não ser atingidos por informações que lhes interessam. Por enquanto, especialmente os núcleos de PR e SP, que têm já uma programação de encontros.

É bem simples: a) clique em Grupos; b) clique no grupo de seu Estado; c) inscreva-se para ser membro. A partir daí o que ocorrer nesse grupo será encaminhado para o seu email."

 

_______________________

 

Depois do Kabbalat Shabat, que é a prioridade agora, me proponho a trabalhar com o pessoal do Hashomer para fazermos uma campanha de comunicação segmentada dentro desse ambiente, que atinja cada pessoa conforma os seus interesses. A partir daí eu creio que teremos um crescimento viral.

 

Um abraço a todos

Caros amigos.

Meus parabéns.Por estas coisas e outras mais sou um admirador de São Paulo.O exemplo que voces estão dando serve de estímulo para esta linda idéia criada pelo Jayme.Como acabo de dizer ao Sérgio Storch se eu puder colaborar estarei à disposição. Acho que em breve poderemos começar a pensar em um encontro que possa reunir os vários grupos que ja'existem. Infelizmente o do RJ se dispersou por várias razões que também merecem ser pensadas um dia. Agora é esperar o carnaval passar .....Luiz Carlos Prestes dizia que  a revolução no Brasil seria com reco reco e tamborim.....O azar dele é que era ruim de samba. Paulo

 

Olá pessoal,


Desculpa um pouco do atraso, segue aqui um pouco das minhas impressões sobre este maravilhoso encontro! Antes deixa só corrigir uma coisa, ainda sou graduanda de filosofia, me formo este semestre. Espero nos próximos semestres entrar no mestrado!

 

Como o Sérgio já comentou, somos um grupo muito diverso, fiquei agradavelmente surpreendida!  Conheço muito pouco a comunidade judaica brasileira, muito das informações que tive é pelos jornais e revistas - principalmente internet. Minha visão era que o judaísmo era bem menos plural (no Brasil), e que existia um certo modo de pensar (político/religioso) que caracterizava o judaísmo brasileiro (esta é a visão de muitas pessoas que conheço e que não conhecem judeus).

 

  Muitos colegas meus quando sabem de minha conversão me perguntam se irei começar a usar as típicas saías, se irei casar com uma pessoa que só anda de preto, se vou começar a falar mal dos muçulmanos... ou ainda, se vou deixar de sair com os amigos e me tornar uma mulher do lar, rs.

 

Acho a idéia de construir um judaísmo humanista ao modo brasileiro ótimo. Ter um espaço de discussão para, como nos lembrou a Dina, perceber que muitas vezes por traz das aparentes dicotomias esquerda-direita (e eu acrescendo religioso-não religioso), existem preocupações e valores muito comuns. Um espaço para que as pessoas possam compartilhar suas experiências, inquietações, e, mesmo que não se chegue a uma solução comum, cada um possa fundamentar e saber reconhecer mais claramente suas opções, sejam políticas, religiosas ou sociais, de forma livre.

 

Algumas questões que vi surgirem (e que elaborei como percebi)

 

- Como construir uma significação de judaísmo que seja ampla o suficiente para abarcar as diferenças, mas ao mesmo tempo prático, engajado, interessante e necessário ao mundo que vivemos?

- Como transmitir o judaísmo aos filhos, familiares?  

- Como falar de judaísmo com não judeus?(no meu caso, até para amigos para os quais o povo judeu é preconceituoso, elitista, por conta de como estão acostumado a receber esta informação dos meios de comunicação ou até por experiências ruins)

 


Como comentei, essas questões são bastante discutidas e tiveram várias vertentes de respostas no exterior. Vou dar um exemplo que acho que alguns não conhecem que é a questão do kasherut,que são as leis alimentares judaicas. Nos EUA alguns grupos pensam a kasherut como um problema ético:


>Rabbi Morris Allen, coordenador do projeto Magen Tzedek 

"Magen Tzedek is more than just a new certification for kosher food -- it is a worldwide awareness built upon the commitment to protect workers, animals and the Earth in the production of food"

"Magen Tzedek é mais do que apenas uma nova certificação para alimentos kosher - é uma consciência construída em torno do compromisso de proteger os trabalhadores, os animais e a Terra no modo como os alimentos são produzidos".

 

http://rabbimorrisallen2.blogspot.com/2007/05/chew-by-choice.html

http://magentzedek.org/


> A RCA (Conselho rabínico americano) também anunciou algumas diretrizes a respeito da ética na produção de alimentos que possui alguns pontos como:

-não enganar o consumidor

- não neglegenciar a saúde e a segurança do consumidor, empregado, publico

  -não maltratar animais

 

http://www.rabbis.org/news/article.cfm?id=105520

 

Sobre a questão da educação (como falar a respeito do assunto para não-judeus) eu citei o paper-clips:

http://en.wikipedia.org/wiki/Paper_Clips_Project
http://www.youtube.com/paperclipsbrasil

 


Será que acabei me desviando?

Bom, mas voltando ao encontro. Quero agradecer muito pela recepção, sendo apenas uma amante do judaísmo (uma guer) me senti muito bem, acolhida e à vontade com vocês. Em ambiente novo sempre existe o medo de como seremos recebidos, mas vocês foram maravilhosos, muito obrigada!

A Marie não conseguiu postar aqui, mas tinha mandado por email. Então vou postar, e depois consertamos as dificuldades de usabilidade.

Sergio, Pedro, Lilian e demais Haverim!!!
Adorei conhece-los e muito me encantou participar da construção de um espaço judaico sem o viés ortodoxo.

O encontro de ontem demonstrou uma sede de uma nova liderança, que mesmo sem identidade, já sinaliza uma silhueta mais inclusiva aos diferentes. Este ponto ficou muito claro para mim e pareceu imantar a todos.

Enfatizamos O encontro que acontecerá no dia 18 de fevereiro como mais uma das atividades que esta proposta; Judaismo Humanista oferece. Num cenário de Kabalat Shabat, a festa mais importante do Judaismo, queremos oferecer condições, principalmente aos nossos jovens de encontrar junto as suas raizes espaço para as suas proprias indagações num contexto atualizado.

Estamos alencando propostas que visem atrair judeus, principalmente aqueles dispostos a reciclar/ventilar o olhar as tão densas escrituras e para isso estamos convidando a todos a cooperarem com suas ideias e queres.
Shavua tov!


Marie Felice / Nani
www.solucoesnani.com.br
www.pindoramabrinquedos.com.br

Oi Lilian, não se desviou não.

 

Neste momento do desenvolvimento de nosso núcleo, o importante é que nos conheçamos e nos apreciemos. O resto vem com o tempo. As informações que você acrescentou são preciosas.

Um beijo

Gostei muito de nosso encontro. Esperava mais gente, mas pensando bem, com muita gente não teria sido produtivo. O que me chamou atenção, o que acho importante:

-A diversidade: de idades, de pontos de vista, de interêsses, de opiniões. Viva! Judaismo humanista é certamente um judaismo pluralista. E um judaismo não excludente. Me pareceu haver uma unanimidade no grupo de aversão à exclusão. Ao contrário, senti uma vontade de ouvir e entender o outro diferente.

- A convicção de todos, judeus ou não, de várias linhas, de que há sim uma cultura (?), civilização (?), tradição (?), riqueza (?) a ser cultivada (daí cultura) no judaísmo e com as pessoas do grupo e para fora do grupo.

- Opiniões bastante firmes quanto a defesa de valores. Alguém na reunião falou em "liberal" no sentido político americano. Eu diria valores morais, valores universais, valores humanistas.

- Um forte interêsse por cultura. Cultura judaica, outras culturas vistas pelo prisma da cultura judaica.

- Em função disso tudo espero que o grupo continue, cresca, e principalmente se desenvolva. Em torno de valores e cultura.

- Já houveram várias sugestões, Levinas, Buber. Eu acrescentaria Shmuel Trigano, francês, filósofo-sociólogo, com uma visão do judaismo como interlocutor de outras culturas. A aprofundar.

Abraços e até o Kabalat Shabat.

Geraldo

 

Sérgio Storch disse:

Oi Lilian, não se desviou não.

 

Neste momento do desenvolvimento de nosso núcleo, o importante é que nos conheçamos e nos apreciemos. O resto vem com o tempo. As informações que você acrescentou são preciosas.

Um beijo

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